Quarta, 27 de Novembro de 2024
21°C 38°C
Dourados, MS

Avanço da soja e milho pode ter relação com 'sumiço' da maior cachoeira de MS

Avanço da soja e milho pode ter relação com 'sumiço' da maior cachoeira de MS

06/04/2017 às 19h01 Atualizada em 06/04/2017 às 23h01
Por: RegiãOnline
Compartilhe:

Mídia Max

 

 

 

O avanço da agricultura e o desmatamento alteram o ciclo natural da água. É o que indicam as pesquisas científicas e é, também, o temor do gerente da fazenda Boca da Onça, Roni Queiroz, que acompanha a ‘seca’ na maior cachoeira de Mato Grosso do Sul. Conforme explicou, a diminuição da chuva é responsável pelo menor volume de água da cachoeira nos últimos meses. Durante esse período de estiagem, Roni afirma que o local tem água de manhã e seca durante a tarde.

“O que acontece é que desde o mês de novembro estamos com período de seca na região. Então, chove parcialmente. Tem locais que chove e outros não. Na parte da manhã, ela tem água. Quando é 12h, devido ao vento e ao sol, essa água sai da cachoeira, ela acaba virando uma neblina e sai da cachoeira”, comentou.

Avanço das lavouras

A cachoeira é abastecida pelo córrego boca da onça, que se alimenta de nascentes na região. A água, no entanto, interdepende do volume de chuva, um ciclo que envolve a preservação da vegetação e das nascentes.

A preocupação de Roni, é que a degradação ambiental, motivada pelo avanço de lavouras de soja e milho na serra da Bodoquena, pode estar relacionada com a diminuição da chuva. De acordo com ele, janeiro de 2017 apresentou mais de 50% de diminuição na chuva com relação ao mesmo período em 2016. Ele pede mais fiscalização na região.

“Pode ser que eu esteja enganado, mas acho que esse aumento de lavouras na região da serra da Bodoquena acaba prejudicando sim. Eu concordo que tem relação. A gente acompanha não só na região de Bodoquena, mas na região de Bonito, o quanto está prejudicado. Qualquer chuvinha, por menor que seja, os rios já sujam, por exemplo”, afirmou ele.

Além do desmatamento para a plantação, Roni afirma que as lavouras estão matando as nascentes dos rios. “Sim existe em áreas próximas, se fizer um levantamento de satélite vai ver as áreas em torno de nascentes. Só pra você entender, nós temos cinco nascentes dentro da fazenda, que formam o córrego boca da onça que vai formar a cachoeira. Só pra você ter uma noção, na Boca da Onça, nós temos 2 mil hectares, 1100 é área de preservação que são justamente essas áreas de nascentes, os morros”, explica.

“Lavoura nós não temos na fazenda. Outros lugares já não estão fazendo a mesma coisa. Então não adianta um preservar, tem que ter uma ação em conjunto”, complementa.

Rios também secaram

A preocupação de Roni, além da cachoeira, um dos principais pontos turísticos do Estado, é com os rios, que também estão secando com a falta de chuva.

“Na região da Morraria do Sul, teve fazenda que secou. Lá mesmo na fazenda existem açudes que estão praticamente secos. Tem um fiozinho de água dentro da nascente. Então o que acontece é a falta de água, de chuva, na região. Estamos conseguindo administrar a situação, mas precisa urgente de chuva. Porque às vezes chove em um local, e no outro já não chove, não está sendo contínua. Isso é uma coisa que tem que averiguar, o porquê disso”, cobra ele.

Pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Pantanal, Ivan Bergier explicou sobre uma pesquisa que pode estar relacionada com a questão. O estudo foi realizado no pantanal, em Ladário, e explica a relação entre o desmatamento e a alteração do ciclo das chuvas.

“A hipótese que eu levantei a seguinte, quando você remove a cobertura vegetal do planalto, você remove o que a gente chama de esponja. Essa esponja faz o que? O que a gente chama de ciclo de água verde. Tem o ciclo da água verde e o ciclo da água azul. A água azul são os rios, a água verde é aquela água que penetra lentamente e abastece os aquíferos. E, ao mesmo tempo, essa água é evapotranspirada pela planta, que formam as nuvens, que faz chover de novo. Então, assim, que tem sofrido mais de seca no pantanal são as áreas menos influenciadas pelos rios e mais influenciadas pelas águas de chuva, dessa chuva de origem vegetal, de entorno”, relatou.

Turismo se adapta

Roni afirmou que a seca da cachoeira motivou alteração na rotina dos passeios desde o final do ano passado. É o que explicou a secretária municipal de turismo em Bodoquena, Vívian Barbosa da Cruz, que também afirma que os rios estão sem água.

“Na própria agência já é comunicado que tem pouca água”, conta. Vivian afirma que não é só a cachoeira que está sofrendo com a seca. “Não é só a cachoeira, diminuiu muito o volume de água dos rios, os rios estão baixos, devido à poucas chuvas nesse período. Esse ano choveu muito abaixo do esperado”, relatou.

 

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Dourados, MS
29°
Tempo nublado

Mín. 21° Máx. 38°

30° Sensação
4.66km/h Vento
54% Umidade
0% (0mm) Chance de chuva
05h46 Nascer do sol
07h07 Pôr do sol
Qui 36° 23°
Sex 38° 23°
Sáb 38° 22°
Dom 36° 21°
Seg 32° 21°
Atualizado às 07h03
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,82 +0,20%
Euro
R$ 6,13 +0,61%
Peso Argentino
R$ 0,01 -0,36%
Bitcoin
R$ 575,191,11 +1,69%
Ibovespa
129,922,38 pts 0.69%
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias