CAMPO GRANDE NEWS
(Foto: Helio de Freitas)
Apesar do aumento do número de casos de ferrugem asiática no país na atual safra, a presença da praga em plantações de soja de Mato Grosso do Sul é considerada dentro dos padrões. Filipe Petelinkar, chefe do setor de Defesa Sanitária Vegetal da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) afirma, porém, que os produtores devem seguir os protocolos para minimizar os problemas nas lavouras.
Em 19 de novembro, o Consórcio Antiferrugem confirmou o primeiro caso de ferrugem asiática no Estado na safra atual, em uma plantação de Maracaju –a 160 km de Campo Grande. Além deste caso, foram identificados casos voluntários em Campo Grande, São Gabriel do Oeste, Dourados e Chapadão do Sul.
Até o momento, quatro Estados confirmaram a ocorrência de ferrugem em plantações. Além de Mato Grosso do Sul, foram feitas notificações em São Paulo (quatro casos nesta quinta-feira, 22), Santa Catarina (dois) e no Paraná, onde a situação é mais preocupante: já há 18 ocorrências documentadas da doença em lavouras do Estado vizinho, boa parte delas no oeste.
“A ferrugem asiática é a mais grave doença que acomete a cultura da soja e as condições ambientais e climáticas deste período contribuem tanto para o desenvolvimento da cultura quanto para a incidência da doença”, destacou Petelinkar, apontando o calor e a umidade como condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo causador da ferrugem –que causa desfolha precoce e impede a boa formação dos grãos, causando quebras de até 70% na produção de soja.
Ainda conforme o chefe de Defesa Vegetal, “embora em nível nacional o numero de focos seja superior aos outros anos, no Mato Grosso do Sul a praga avança de forma normal. O produtor, ao seguir as recomendações pode diminuir o risco de danos severos à sua lavoura”.
Embrapa – Dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de Londrina (PR) indicam que a ferrugem asiática deve gerar mais custos de controle na safra 2018/2019, também a de plantio mais rápido da história. A doença é a que gera mais custos para os agricultores, estimado em US$ 2 bilhões por ano –a maior parte em aplicações de fungicidas.
A ferrugem avança em períodos mais quentes e chuvosos. Em 2017, a estiagem em setembro atrasou o plantio no Paraná. Neste ano, porém, as chuvas vieram mais cedo e em quantidade acima da média também em outubro. Isso causou até mesmo uma reversão no ritmo de plantio, que se tornou mais lento.
Claudine Seixas, pesquisadora da Embrapa de Londrina, sustenta que o cenário abriu condições favoráveis para o desenvolvimento do fungo, já que não houve uniformidade na semeadura –enquanto alguns produtores iniciaram o plantio em setembro, outros ainda realizavam a prática em novembro. Na segunda quinzena deste mês, esperava-se condições mais favoráveis para disseminação da ferrugem pelo país, graças à previsão de chuvas mais intensas.
A recomendação é que, com o aparecimento da doença, opte-se pelas aplicações de fungicida. “Uma safra como esta, em que ela apareceu mais cedo, pode ter pego o agricultor desprevenido. A primeira aplicação é de fato muito importante, e não é fácil acertar o momento”, destacou a pesquisadora, alertando que a doença tem um ciclo muito rápido e pode atingir em cheio as previsões de safra recorde, superior a 120 milhões de toneladas.
MS – Em Mato Grosso do Sul, o plantio da soja já foi dado por encerrado, apontando-se crescimento de 4% na área plantada. Até o final de outubro, o SigaMS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio) apontava que o plantio estava até 30% adiantado.
“Agora a guerra continua. Foi detectado o primeiro foco de ferrugem asiática, vamos fazer a nossa parte e monitorar as lavouras, para fazermos uma excelente produtividade este ano, novamente”, afirmou Juliano Schmaedecke, presidente da Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul). A expectativa é de uma safra de 10 milhões de toneladas no Estado.
A Iagro planeja realizar nas próximas semanas e no início de 2019 levantamentos sobre a incidência da doença, bem como a fiscalização para verificar se o calendário de plantio, de 16 de setembro a 31 de dezembro, foi realmente cumprido. O cadastramento das lavouras deve ser realizado até 10 de janeiro de 2019.
A agência recomenda que os produtores intensifiquem o monitoramento das lavouras e, em caso de suspeita ou confirmação de foco de ferrugem asiática, contate o órgão para atualização de dados e tomada de medidas fitossanitárias. A antecipação do plantio, como o veto à safrinha, também foram passados pelo órgão aos produtores, assim como o respeito ao vazio sanitário (anualmente imposto de 15 de junho a 15 de setembro, período necessário para evitar a proliferação do fungo).
Outra sugestão envolve a rotação dos princípios ativos de fungicidas, respeitando dosagem e intervalo de aplicação, “com isso contribuindo para o adequado manejo de resistência da praga”, destaca a Iagro, que disponibilizou o telefone 0800-647-2788 para esclarecimento quanto a dúvidas e informações ou comunicação sobre suspeitas de focos.
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