A artesã Renata Resende de Sousa, de 28 anos, e o pintor Cesar Henrique Santana, de 27, passaram por uma noite de pavor na madrugada desta segunda-feira (8), em Campo Grande. A forte chuva que caiu sobre a cidade deixou completamente inundado a residência onde o casal mora com os três filhos, no bairro Nova Jerusalém, em Campo Grande.
Além dos prejuízos materias, que destruiu móveis, colchões e eletrodomésticos, a situação causou desespero, já que durante a noite o casal hospedava amigos e familiares Ao todo, nove crianças – os três filhos do casal, três sobrinhos, filhos de vizinhos e de uma amiga – estavam na habitação após uma confraternização e dormiam em colchões espalhados pelo chão e no sofá.
“Quando acordei de madrugada, já tinha água a uns 20 cm do chão. Eu sai correndo para tirar as crianças do chão, porque tem muitas tomadas e fiquei com medo de serem eletrocutados. Eles não tinham ideia do que estava acontecendo e quando estavam acordando ficaram muito confusas e assustadas”, conta Renata.
À reportagem, a artesã afirmou que ao abrirem a porta para retirarem as crianças, muita água começou a entrar na residência. “A primeira reação que a gente teve foi de tirar as crianças dali, colocá-las num lugar mais alto, mas quando abrimos a porta a água entrou com mais força. Liguei para o marido da minha irmã para resgatar as crianças e ficamos só eu, meu marido e minha madrinha, mas sem saber o que fazer. Quando abria a porta entrava mais água”, relata.
Somente pela manhã a água começou a baixar, mas os estragos já eram conhecidos. Móveis, sofá, camas e colchões estão inutilizáveis. Eletrodomésticos, como geladeira, foram danificados pelo contato com a água. “A gente trabalhou tantos anos para conquistar essas coisas e vem uma chuva e destroi tudo. Estamos desolados, sem saber o que fazer. Na hora foi tão assustador que a gente não soube bem como agir. Não acionamos a Defesa Civil e nem os bombeiros”, diz.
Sem casa
Renata e César Henrique moram de aluguel. Pagam R$ 400 numa casa com dois quartos, banheiro, sala e cozinha. Desde 2011, o casal tenta uma habitação popular pela Agehab (Agência Estadual de Habitação) e pela Emha (Agência Municipal de Habitação). Mas, mesmo tendo uma filha de 5 anos com deficiência visual, afirmam nunca ter recebido resposta.
“Já levei até os laudos sobre a deficiência da minha filha, mas até agora a gente não recebeu qualquer resposta. Estamos muito abalados, é muito duro saber que a gente tem criança, que precisa de uma casa e nunca consegue. Eu não queria nada além disso, só um lugar para morar”, lamenta.
Esta é a segunda vez em menos de 10 dias que a água invade a casa. No dia 30 de setembro, a casa já havia sido alagada após a chuva, mas destruiu apenas o guarda-roupa das crianças.
“Não recebemos assistência da dona da casa, mas também não sabíamos que poderia ser muito pior. Quando alugamos, não fomos alertados de que isso poderia ocorrer, embora a casa seja mais baixa. Não tinha marca de mofo pela casa, tudo parecia em ordem”, conta. Segundo o casal, o muro da residência precisou ser quebrado em uma parte para facilitar o escoamento da água acumulada no lote.
A família ainda não sabe onde vai se abrigar esta noite. Diante do cenário em que a residência se encontra, com os móveis todos destruídos e comida estragada, o casal também fazem apelo por doação, sobretudo por colchões, roupas, cobertores, alimento e itens de higiene pessoal. Os contatos são (67) 99188-4549 e (67) 99293-6594.