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Uma equipe internacional de socorristas retirou quatro dos garotos presos em um complexo de cavernas na Tailândia, de acordo com as autoridades. Eles foram levados para o hospital em Chiang Rai e estão em "perfeitas condições", disse o coordenador da operação de resgate.
Em coletiva de imprensa, Narongsak Osottanakorn confirmou que os quatro estão no hospital sendo examinados e que a equipe irá descansar antes de reiniciar o resgate.
Em sua página de Facebook, a Marinha tailandesa, que vinha informando sobre a retirada dos garotos, postou: "Tenham bons sonhos esta noite".
Narongsak afirmou ainda que 90 mergulhadores estão envolvidos na operação de resgate - 40 tailandeses e 50 estrangeiros.
As autoridades decidiram começar na manhã deste domingo a arriscada operação para tirar 12 garotos e seu técnico de futebol de um complexo de cavernas na Tailândia - onde eles estão presos há duas semanas - com receio de que a chuva dificulte ainda mais a situação.
De acordo com o repórter da BBC Dan Johnson, médicos examinaram o grupo no sábado e decidiram que os que estão mais fracos seriam retirados primeiro.
O grupo está na saliência de uma rocha 4 km adentro do complexo Tham Luang, o quarto maior do país. Fortes chuvas estão previstas para este domingo na província de Chiang Rai, onde fica a caverna - e elas já começaram.
As autoridades vinham tentando escoar o máximo de água possível do local para viabilizar um resgate sem a necessidade de mergulho, mas eles decidiram que não podem mais esperar. Neste momento, o nível de água na caverna é o menor desde que o grupo foi encontrado, há dez dias. O risco é que as chuvas voltem a fazer esse nível subir.
Os mergulhadores vinham ensinando aos 13 na caverna como respirar embaixo d'água e como usar o equipamento de mergulho.
Na última semana, uma enorme operação de voluntários e da mídia se formou no local onde fica a entrada da caverna.
Mas nas primeiras horas do domingo, os jornalistas foram realocados para um ponto mais afastado e aumentou o número de policiais na entrada, aumentando a especulação de que o resgate começaria.
Em seguida, o líder da operação, Narongsak Osottanakorn, confirmou que 13 mergulhadores haviam entrado na caverna para começar a trazer de volta os 12 meninos e seu técnico, de 25 anos.
Além deles, outros socorristas estão na caverna a postos, incluindo mergulhadores de Tailândia, Estados Unidos, Austrália, China e Europa.
"Esse é o dia D. Os garotos estão prontos para enfrentar esse desafio", afirmou.
Narongsak disse ainda que todos os garotos foram examinados por um médico e estão "saudáveis fisicamente e mentalmente... Eles estão determinados e focados".
Tanto o grupo quanto seus familiares concordaram que eles deveriam ser removidos do local assim que possível.
Havia um forte clima de expectativa no acampamento onde se reúnem voluntários de todo o país e internacionais, familiares e jornalistas, segundo a repórter da BBC Helier Cheung.
Horas depois do início, ambulâncias foram vistas deixando a área da entrada da caverna em direção ao hospital de Chiang Rai, e as autoridades começaram a confirmar o resgate dos meninos.
Inicialmente, as autoridades locais e especialistas pensaram em manter o grupo dentro da caverna até o fim do período de monções na região - o que poderia significar que eles ficariam meses ali.
Também houve tentativas de cavar buracos para conseguir um acesso direto ao local e de vasculhar a montanha em busca de outra entrada.
Mas estamos apenas no início da estação mais chuvosa no país, e ficou claro que a enchente que fez com que o grupo ficasse preso pode piorar nos próximos dias.
Os socorristas vêm tentando escoar água para fora da caverna e, neste momento, segundo o líder da operação, o nível de água lá dentro é o mais baixo até agora.
"Não há outro dia além de hoje (domingo) para estamos mais prontos. Se não (começarmos), perderemos a oportunidade", afirmou.
A viagem de ida e volta até o local onde o grupo de garotos está é exaustiva até mesmo para mergulhadores experientes - dura cerca de 11 horas no total, seis para a ida e cinco para a volta.
A retirada do grupo pode durar entre dois e três dias, segundo as autoridades.
Eles terão que andar nas rochas, caminhar na água, escalar e mergulhar - tudo na completa escuridão - com o auxílio de cordas que já foram colocadas em todo o percurso para guiá-los.
Segundo o governo tailandês, que divulgou o plano do resgate, os garotos serão divididos em quatro grupos e transportados um a um. O técnico estará no último grupo.
Usando máscaras de mergulho de rosto inteiro, que são melhores para iniciantes, cada garoto será acompanhado por dois mergulhadores, que também carregarão seu tanque de oxigênio.
Haverá quatro pontos no caminho em que eles poderão parar para descansar e receber atendimento médico.
Segundo o governo, a vantagem do plano é que ele pode ser executado rapidamente e sem a necessidade de muitos recursos.
No entanto, ele requer muita habilidade dos mergulhadores. Os garotos têm que saber o básico sobre mergulhar, além de manterem-se tranquilos e não entrarem em pânico. Esta é uma das razões pelas quais eles serão separados.
O pior trecho fica mais ou menos na metade do caminho de volta - eles passarão por um local chamado de "Bifurcação em T", que é tão estreito que não é possível levar os tanques de oxigênio nas costas.
Nesse momento, os mergulhadores vão tirar os tanques de suas costas, colocá-los no chão e rolá-los devagar, enquanto guiam os garotos pelo canal.
Algum tempo depois, eles chegarão na Câmara 3, a caverna que é usada como base avançada para os mergulhadores. Lá, irão descansar, ser examinados novamente e caminhar até a saída, de onde devem ser levados diretamente para um hospital local.
Um mergulhador experiente da Marinha, Saman Gunan, morreu dentro da caverna durante a viagem de volta, em uma indicação do quão difícil é a missão. Ele tinha ido levar tanques de oxigênio ao grupo.
Os garotos fazem parte do time de futebol Wild Boars e têm entre 11 e 16 anos. Eles conhecem bem a área.
Acredita-se que eles foram para a caverna no dia 23 de junho após um treino, para comemorar o aniversário de um dos colegas, e levaram apenas alimentos básicos.
Mas, por causa da época do ano, uma enchente provocada pela chuva os deixou presos lá dentro, cerca de 600 metros sob a superfície.
Eles foram encontrados por mergulhadores no domingo passado. Estavam famintos e assustados, mas, bem considerando as circunstâncias.
Desde então, mergulhadores da Marinha os fazem companhia, e levam comida, luz e tratamento médico para eles regularmente.
Eles também conseguiram escrever cartas aos familiares e ler as que foram escritas para eles.
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