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Prefeito de Bruxelas cria polêmica ao postar imagem de estátua belga famosa urinando em Neymar

Prefeito de Bruxelas cria polêmica ao postar imagem de estátua belga famosa urinando em Neymar

08/07/2018 às 17h30 Atualizada em 08/07/2018 às 21h30
Por: RegiãOnline
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Por Ricardo Senra, Enviado especial de BBC News Brasil a Kazan (Rússia)

 

 

"Sem mais."

Para comemorar a vitória por 2 a 1 da Bélgica contra o Brasil na Copa do Mundo, o prefeito de Bruxelas, Philippe Close, resolveu publicar esta frase junto a uma montagem que mostra uma estátua urinando sobre uma foto de Neymar caído no chão e chorando.

A imagem controversa foi publicada no Twitter pelo prefeito na noite da vitória e já havia sido compartilhada mais de mil vezes até o fechamento desta reportagem.

A estátua que aparece na montagem fica em Geraardbergen, cidade belga de pouco mais de mil habitantes.

Mas a principal escultura a retratar um menino urinando no país está na capital, comandada por Close.

Reações e críticas

A publicação rendeu piadas, mas também gerou uma onda de critícas vindas de brasileiros e dos próprios belgas.

"Não havia outras maneiras melhores de comemorar do que compartilhar insultos ao oponente?! É uma vergonha para o prefeito da capital", escreveu um belga.

"Que maneira triste de festejar", disse outro, em francês.

A provocação do prefeito da capital também difere da cordialidade vista entre vitoriosos e derrotados após a partida desta sexta-feira em Kazan, na Rússia.

Nas ruas do centro histórico da cidade, brasileiros e belgas dividiram os mesmos restaurantes e bares e posaram juntos para fotos.

"Pelo menos o belga está me pagando cerveja para eu me sentir melhor", brincou um brasileiro enrolado na bandeira adversária já no início da madrugada.

A publicitária brasileira Mariana Alencar, que vive há cinco anos em Bruxelas, disse à reportagem que lamenta a derrota como torcedora da seleção, mas também entende a sua importância para os belgas.

"Claro que eu queria ganhar e vou sofrer no trabalho e com outros amigos na segunda-feira", afirmou a brasileira. "Estou brava, óbvio, mas entendo a importância disso para eles."

"A Bélgica não é um país unido, é dividido, e até o governo é superfragmentado por conta das diferenças linguísticas. Há um movimento separatista forte e a Seleção faz o país esquecer um pouco disso", avalia.

Ela explica: "É uma seleção diversa, com jogadores de Flanders (região do norte onde se fala holandês) e Wallonia (região do sul onde se fala francês), de Bruxelas (oficialmente bilíngue) e também filhos de imigrantes".

"Fora o separatismo, existe bastante racismo com muçulmanos e filhos de congoleses, como Lukaku, que já deu entrevistas sobre isso."

Foi o artilheiro belga quem deu o passe para De Bruyne marcar o segundo gol do país contra o Brasil, que reagiu no segundo tempo, mas não conseguiu reverter o placar.

"Nós já temos cinco estrelas, eles não têm nenhuma", conclui a brasileira que vive em Bruxelas.

Garotinho urinando

A célebre "Manneken Pis" - algo como "menininho urina" - tem pouco mais de 60 centímetros e há gerações é, junto ao chocolate e à cerveja, um dos maiores símbolos de Bruxelas.

Principal ponto turístico da cidade, a estátua foi colocada no centro histórico há mais de quatro séculos, mas, de tanto ser vandalizada e alvo de roubos e reproduções, foi substituída por uma réplica nos anos 1960.

Há reproduções dela inclusive no Brasil. Uma das mais conhecidas está no Rio de Janeiro, em frente à sede do clube Botafogo, no bairro homônimo.

Quando o time vence um campeonato, um dos primeiros gestos dos torcedores é vestir o menino com uma camisa alvinegra.

As explicações sobre o significado da escultura, no entanto, são conflitantes.

Para alguns, trata-se da representação de uma criança nobre urinando sobre inimigos da família. Mas a principal lenda local sugere que o pequeno conseguira apagar os pavis de uma pilha de explosivos que detonariam a cidade ao fazer o gesto imortalizado em bronze.

Séculos depois, na arena de Kazan, na Rússia, o time belga, que nunca ganhou uma Copa do Mundo, conseguiu apagar a faísca que movia a seleção brasileira, tida como uma das principais favoritas, em sua busca pelo hexacampeonato.

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