Reuters/DA
O dólar relegou o rebaixamento da nota brasileira pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s na véspera e seguiu o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, voltando ao patamar de 3,20 reais nesta sexta-feira.
“Em termos práticos, o rebaixamento não muda muita coisa, já não somos grau de investimento pelas três principais agências de rating”, lembrou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
Na véspera, a S&P rebaixou a nota de crédito da dívida soberana do Brasil para BB-, ante BB, em função da demora na aprovação de medidas para reequilibrar as contas públicas, num claro sinal à reforma da Previdência, e de incertezas devido às eleições deste ano.
O rebaixamento da nota brasileira era esperado desde o final do ano passado, o que chegou a levar o dólar para perto do patamar de 3,35 reais, depois que o governo não conseguiu votar a reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados como pretendia, em dezembro.
A votação foi postergada para 19 de fevereiro, levando analistas a reduzirem as apostas na aprovação do texto, diante do cenário eleitoral deste ano.
“Entendemos que, dentro deste desconforto, o governo poderá sair do ‘corner’ onde está acuado pelo Congresso Nacional e se tornar efetivo protagonista de um discurso duro impondo constrangimento e responsabilidade pelo ocorrido aos políticos”, afirmou o economista e diretor-executivo da NGO Câmbio, Sidnei Moura Nehme, em nota.
Mas o cenário político pode ser ainda mais complicado depois do movimento da S&P. Na noite passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou à Reuters que o governo havia se enfraquecido muito após denúncias e que não era “correto” transferir a responsabilidade de a reforma da Previdência não ter sido aprovada.
“Vamos ver (se o rebaixamento dará força à reforma da Previdência). A tentativa do governo de transferir a responsabilidade para o Parlamento não ajuda e não é correto. Precisamos unir esforços”, afirmou ele.
O recuo do dólar no exterior acabou se sobrepondo à questão fiscal doméstica, levando a moeda de volta ao patamar de 3,20 reais. O dólar caía ante uma cesta de moedas e ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
“Prevaleceu a dinâmica do dia, com exterior e algum fluxo”, concluiu um profissional da mesa de câmbio de uma corretora local.