Campo Grande News
Elizabeth Araújo dos Santos, 47 anos, diarista, três filhos e o barraco sendo levado por uma erosão. Marciele da Silva Riquelme, 18 anos, mãe de duas crianças, uma de 2 anos e outra de um mês, vive a mesma realidade às vésperas do Natal. Essa é a realidade delas e de mais seis famílias que moram às margens do Córrego do Bálsamo, na Avenida Guaicurus.
Assim como Elizabeth, a maioria das pessoas que estão às margens do córrego afirmam que foram despejadas de suas casas após perder o emprego e não conseguir pagar aluguel e demais despesas. "Se paga o aluguel, não come", define a diarista.
Com o barraco escorado e parte dele já em suspenso, ela lembra que por pouco não aconteceu uma tragédia com a última chuva forte. "O galho caiu em cima da casa do meu filho, e ele estava dormindo, por pouco não cai na cabeça dele", lamenta mostrando o galho grande que ainda está sobre o telhado da casa do jovem de 26 anos.
Perdas rotineiras - Objetos levados pelas enxurradas são comuns na vida dessas famílias que pouco tem e que quase se acostumaram a perder sempre.
Quando os ventos começam, Elizabeth já vai atrás de um abrigo para ela e os filhos mais novos, de 14 e 6 anos. "Quero sair daqui, mas para onde? Eu passo mal de susto, vou para a casa da vizinha de susto".
Marcielle também se preocupa com suas crianças, principalmente agora com o aumento das chuvas e a volta da filha de dois anos para casa, depois de uma temporada na casa da tia para que a jovem pudesse dar o máximo de atenção para o bebê recém-nascido. "Ela vai voltar e é mais uma preocupação".
Antes de ter o próprio barraco na região, que aconteceu há aproximadamente nove meses, a jovem morava com a cunhada, vizinha dela. Gracielle Campos de Abreu tem 27 anos, e vive sozinha com quatro filhos.
"Eu queria sair daqui, mas eu não estou trabalhando, senão já tinha saído. Não vejo problema em pagar aluguel", afirma Gracielle. Ela passou a morar no local depois de dever mais de quatro mil reais em despesas de casa, dentre aluguel, água e luz.
Outra grande preocupação das cunhadas é em relação às brincadeiras das crianças, que têm 9, 4, 5 e outra de 2 anos. "Eles brincam aqui na frente, mas sempre a gente tem que mandar eles saírem da calçada, quando não é isso, eles estão no quintal e tem que mandar sair de perto do córrego".
O Chefe da Divisão de Operações da Defesa Civil, Lenirdo Pedroso, afirma que a situação no local é extremamente precária, mas a não ser que haja situação alarmante, não será possível remoção das famílias. "De nada adianta a gente tirá-los de lá e não ter um local descente para alojar essas famílias", resume.
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