Terra/CN
O dólar registrou a maior alta em quase um mês nesta terça-feira, em um movimento de cautela com o cenário político, após o presidente Michel Temer voltar a ser alvo de inquérito e também depois que a Polícia Federal concluiu, em outra frente, que há existência de indícios de que Temer e ministros cometeram atos de corrupção.
O dólar avançou 0,81 por cento, a 3,1290 reais na venda, maior alta percentual desde a valorização de 1,02 por cento registrada em 17 de agosto.
Na máxima da sessão, registrou 3,1390 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,80 por cento.
"Tudo o que é contra o Planalto dificulta a manutenção da base de apoio do Temer no Congresso e atrapalha um cronograma da agenda de reformas, e o investidor se protege no dólar", justificou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Nesta tarde, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Roberto Barroso decidiu abrir novo inquérito contra o presidente Temer sob a suspeita, a partir da delação de executivos da J&F, de que ele possa estar envolvido num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto que mudou regras portuárias, afirmou fonte com conhecimento do caso à Reuters.
Antes disso, o mercado já estava mais cauteloso após a Polícia Federal concluir, no inquérito que investiga o chamado "quadrilhão da Câmara", que houve indícios de crimes cometidos pela cúpula do PMDB, incluindo Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
"O mercado ficou escaldado depois da JBS e agora está mais cauteloso, esperando o conteúdo de uma nova denúncia contra Michel Temer para se posicionar melhor", avaliou mais cedo o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira.
Após a notícia sobre o inquérito, o dólar, que já vinha bem pressionado, renovou as máximas, se reaproximando dos 3,15 reais.
Na véspera, o mercado mostrou maior apetite por risco diante da percepção de aumento das chances de votação da reforma da Previdência após a prisão dos delatores da J&F, o que fortaleceu o presidente Michel Temer.
Nesta sessão, a alta do dólar no exterior ainda influenciou no movimento ante o real no mercado doméstico. O dólar subia ante uma cesta de moedas e ante divisas de países emergentes, como o peso mexicano e a lira turca.
Especulação nas mesas sobre a atuação do Banco Central também pressionaram o dólar, uma vez que o mês já se aproxima da metade e nenhum sinal foi dado pela autoridade monetária. Em outubro, vencem 9,975 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.
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