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Delegado é preso por matar boliviano dentro de ambulância

Delegado é preso por matar boliviano dentro de ambulância

30/03/2019 às 08h32 Atualizada em 30/03/2019 às 12h32
Por: RegiãOnline
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Por Diario Corumbaense

 

Foi preso durante operação na manhã desta sexta-feira (29) o delegado da Polícia Civil, Fernando Araújo da Cruz Junior, 34 anos, suspeito do assassinato do boliviano Alfredo Rangel Weber, 48 anos, dentro de uma ambulância, em Corumbá. A vítima foi morta a tiros no dia 23 de fevereiro.

O delegado, titular da DAIJI (Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e do Idoso), foi preso na casa onde vive com a família, localizada no cruzamento das ruas Dom Aquino e 15 de Novembro, no Centro de Corumbá. Lá, também foram apreendidos vários objetos. Além de Fernando, uma mulher foi detida no local e colocada na viatura durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. Ela ainda tentou fugir, de acordo com o site Diário Corumbaense, mas ninguém informou a identificação dele.

Em outro imóvel, no cruzamento das ruas Cabral com a Firmo de Matos, a equipe fez busca e apreensão. O morador da residência, também policial civil, foi levado para prestar depoimento, depois de realizadas buscas no imóvel e também no comércio dele, que fica em frente à casa. O nome ainda não foi divulgado. A ação foi deflagrada pela Corregedoria da Polícia Civil com apoio da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros).

Policiais também cumpriram mandado de busca e apreensão em casa na Rua Firmo de Matos (Foto: Direto das Ruas)

(Foto: Direto das Ruas)

O CRIME

Segundo as investigações, o delegado não foi apenas o autor dos disparos que mataram Alfredo dentro da ambulância, mas também foi o responsável por facadas horas antes, que levaram a vítima a pedir socorro. As desavenças teriam começado durante as eleições para presidente da associação de agropecuaristas na Bolívia, onde o sogro de Fernando, Asis Aguilera Petzold (o atual prefeito da cidade de El Carmen), concorria ao cargo.

Alfredo, que apesar do envolvimento com o narcotráfico, era conhecido como pecuarista na região, participou das eleições e foi para a festa de um amigo. No entanto, ao fim do dia, voltou ao local em que as votações aconteciam. Lá, encontrou a esposa de Fernando e a filha de Asis, Sílvia Aguilera, 31 anos. Conforme as investigações, a mulher já foi casada com Odacir Santos Corrêa, ex-sócio de Alfredo, preso pela Policia Federal durante a Operação Nevada, em 2016.

Ao ver a mulher, Alfredo teria cobrando dívidas do ex-marido dela e ameaçado os filhos do casal de morte. Os dois discutiram e a confusão foi separada por Asis, que ao lado de Fernando, sentou-se em uma mesa para conversar com Alfredo. Se aproveitando do momento, o delegado teria levantado, se armado com uma faca e desferido pelo menos três golpes nas costas de Alfredo. O homem foi levado para um hospital local, mas devido a gravidade transferido para Corumbá.

A ambulância, então, saiu da cidade boliviana em sentido a fronteira brasileira. Já em território sul-mato-grossense foi fechada por uma caminhonete preta, cabine simples. O motorista desceu do veículo, foi até a ambulância, abriu a porta e atirou quatro vezes. Três tiros atingiram a cabeça da vítima, um deles o tórax. Sem ter o que fazer, o motorista voltou com o corpo para o país vizinho. Principal suspeito do crime na Bolívia, Fernando também se tornou alvo da polícia brasileira.

etalhes como o veículo usado pelo pistoleiro, do mesmo modelo do carro de Fernando, e até a arma, foram ligando as investigações ao delegado. Ele chegou a ser ouvido, mas afirmou ter entregue sua caminhonete numa dívida e que não se lembrava o nome da própria esposa.

Marcas de sangue dentro de ambulância que transportava o boliviano (Foto: Clave 300)

(Foto: Clave 300)

Coação - Durante as investigação o motorista e o médico da ambulância também foram ouvidos. Um deles, no entanto, Sílvio Monteiro, se tornou alvo de falsas denúncias de sequestro. Convidado para prestar depoimento, Sílvio, que no dia dirigia a ambulância, levou a polícia uma carta narrando o que havia acontecido no dia do crime. No entanto, na noite do mesmo dia, voltou à delegacia pedindo para modificar o texto.

Sem ter como fazer isso, pediu para fazer um boletim de ocorrência de preservação. O caso foi registrado e no dia seguinte a defensoria pública de Puerto Suárez denunciou a Polícia Federal de Corumbá pelo sequestro de Sílvio, que nunca aconteceu. A polícia, no entanto, encontrou ligações entre o motorista e a esposa de Fernando, o que leva a acreditar que toda a situação foi montada para despistar e atrapalhar as investigações que incriminavam o delegado. Nesta manhã (29), equipes da Polícia Civil deixaram Campo Grande para cumprir mandado de prisão contra o delegado.

 

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