G1
desafio diário cuidar deles”, descreve a técnica em enfermagem Adely Martins, de 36 anos. Ela é mãe de três crianças, das quais duas, Maurício e Renato, apresentam diferentes manifestações do autismo, que ainda é mistério para a ciência. Neste domingo, 2 de abril, ações pelo mundo buscam conscientizar as pessoas sobre a realidade desse tipo de transtorno, inclusive no Amapá, onde acontecerá um piquenique.
“O que me motiva a continuar é poder dar algo melhor para eles. Eles são minhas prioridades”, diz Adely, orgulhosa dos progressos dos filhos.
Maurício é o filho mais velho, de 11 anos, diagnosticado com autismo aos 4 anos. Inteligente, o menino ocupa o tempo estudando e descobrindo coisas novas. No futuro, ele pensa em se tornar um pintor, cartunista ou poder construir trens ou barcos.
“Gosto muito de pesquisar sobre efeitos especiais. Eu gosto dele [Renato], só que as vezes ele quer aprontar muito. Eu gosto muito de estudar, porque é legal. Eu sempre penso, já quis ser pintor, cartunista, fazer efeitos especiais, gosto muito também da ideia de construir trem, barco, qualquer tipo de transporte”, reforça Maurício.
Ele frequenta a escola regular, no 7º ano do ensino fundamental em uma escola pública. Nele, o autismo é considerado leve. Maurício tem facilidade em aprender, mas ainda tem algumas limitações, segundo a mãe.
“Ele é muito inteligente, é tranquilo, só que por mais que ele me ajude, ele tem as dificuldades dele. Ele só consegue conversar mais tranquilo quando ele conhece as pessoas. Ele ama pesquisar, ler, e me ajuda muito com o irmão dele”, descreve a mãe.
Renato, de 9 anos, é o segundo filho de Adely, que foi diagnosticado com autismo aos 2 anos. A mãe conta que não desconfiava e descobriu o transtorno ao buscar diagnóstico para Maurício na Associação de Pais e Amigos dos Autistas do Amapá (AMA-AP), onde a dupla recebe atendimento sensorial, educacional e pratica atividades físicas.
“O Maurício ia completar um ano e ele já falava, quando meu pai faleceu. Então ele deixou de falar e também tinha todo o estereótipo de andar na ponta dos pés, sensibilidade de sons. Eu nem sabia o que era autismo, procurei a AMA e quando cheguei aqui descobrimos que o Renato também era autista. Foi um choque para mim”, contou Adely.
Estudante do 3º ano também de escola pública, Renato tem muitas limitações, como não conseguir formar frases, não ter interesse por ler nem escrever e ser teimoso. Seus avanços são comemorados com alegria pela mãe.
“O Renato fala muito pouco, só quando ele quer. Foi muito bom ver o Renato falar. Cada evolução que eles têm é uma felicidade imensa, porque é muito difícil”, falou Adely.
Viúva há 7 anos, a mãe de Maurício, Renato e Luiza, a caçula de 7 anos, conta que encara a difícil missão por amor aos filhos, em busca de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pequenos. Em relação aos meninos, ela lembra que, apesar de eles terem acompanhamento, a preocupação dela é com o futuro, quando o Maurício e Renato se tornarem jovens e adultos.
“Me sinto cansada muitas vezes, mas eu me sinto capaz. Tanto é que a gente está lutando. Minha preocupação maior é quando eles crescerem. O Maurício eu sei que ele vai ter uma vida normal, a Luiza também, mas quem vai cuidar do Renato? Eu tenho muito medo. Por isso busco sempre estimular a independência”, fala.
Adely mora em Macapá, com a mãe e os três filhos, recebendo apoio de parentes. Ela se diz preocupada com outras famílias que não aceitam que os filhos têm transtorno.
“Tem muitos autistas no nosso estado e os pais não aceitam e não proporcionam o melhor para os filhos e para si mesmo. É bom procurar entender, dar suporte, amor e carinho, e aceitar que o filho é desse jeito. Eles têm o transtorno, mas dá para ter uma vida normal”, sugere Adely.
Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o VC no G1 AP ou por Whatsapp, nos números (96) 99178-9663 e 99115-6081.
Mín. 22° Máx. 37°