Materiais apreendidos na operação feita contra uma clínica particular para tratamento de dependentes químicos na Zona Norte de Macapá reforçam os indícios levantados pelo MP (Ministério Público) do Amapá sobre a prática de torturas. Entre os itens encontrados pelos agentes da Polícia Civil, que deram apoio a ação, estão algemas, spray de pimenta, palmatórias e seringas que teriam sido usadas para dopar pacientes.
O caso é investigado desde 2016 pelo MP e resultou na prisão pelo crime de tortura dos dois irmãos proprietários da clínica, que funciona no bairro Brasil Novo. Os maus-tratos começaram a ser apurados após denúncias feitas por ex-pacientes.
Pelo menos 42 pacientes estavam na clínica, que não foi fechada porque vai passar por fiscalização. Parte deles retornou para o tratamento e outra foi liberada para as famílias. Elas pagavam R$ 1,2 mil por mês para mantê-los. Ainda não foi contabilizado pelo MP quantos estão em cada situação.
"Apreendemos uma algema, spray de pimenta, palmatórias, muitas seringas que provavelmente podem ter sido usadas com medicamentos que os internos ficavam dopados", relatou a promotora do MP, Andréa Guedes.
Os dois proprietários da clínica aguardam audiência de custódia para saber se serão liberados ou encaminhados ao presídio masculino do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen).
Para o MP, os depoimentos dos pacientes torturados são uniformes em relação aos maus-tratos investigados na clínica. Os proprietários negam ter praticado torturas.
"Eles negam os maus-tratos, mas existiam 42 internos. Foram colhidos 15 depoimentos ontem e todos os 42 ouvidos de forma informalmente por mim, pelo delegado, psicólogo e um agente de vigilância sanitária contaram as mesmas histórias", revelou a promotora de Justiça.
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