Um adolescente de 17 anos foi morto pelo Exército em um bairro da Grande Vitória na madrugada desta sexta-feira (10). A morte ocorreu por volta da 1h, na Rua Amélio Barcelos, em São João Batista, Cariacica.
As Forças Armadas compõem a força-tarefa federal que está fazendo o patrulhamento das cidades do Espírito Santo há oito dias, desde que a PM deixou de sair às ruas. Os policiais alegam que são impedidos de sair por familiares que fazem bloqueios na porta dos quartéis.
Segundo a família, o rapaz foi baleado a poucos metros de casa. A Polícia Civil disse que não dá informação sobre o caso para não atrapalhar as investigações. O Exército afirma que a morte ocorreu durante um confronto, mas a família contesta essa versão.
A prima do adolescente, Tatiana Rodrigues, de 22 anos, disse que o rapaz estava na casa de uma tia perto de onde ele morava. Ela afirmou que os irmãos haviam pedido ao jovem para voltar para casa, porque estava tarde, e que o rapaz não sabia que o Exército estava no bairro. "Ele subiu o morro e, quando virou a rua, atiraram na cabeça dele", afirma Tatiana.
Ela disse que o primo era estudante, estava no 6º ano da escola estadual Eulalia Moreira e trabalhava vendendo mel na feira com os irmão de 21 e 24 anos. Segundo ela, o rapaz morava no bairro com os irmãos e o pai, que tem uma doença degenerativa. "Eles estão muito abalados, tristes".
Tatiana afirmou que foram encontradas seis balas de fuzil no local do crime. "Duas a polícia levou e quatro ficaram com a gente". Ela diz que, mesmo com a situação no estado, o clima no bairro era tranquilo até a morte do rapaz. Segundo Tatiana, agora as pessoas do bairro estão com medo. "Não tem ninguém na rua, tá todo mundo em choque ainda".
Em nota, a força-tarefa conjunta que atua no estado afirmou que os militares foram acionados para fazer uma patrulha nas imediações da Unis (Unidade de Internação Socioeducativa). A unidade está localizada na Avenida Governador José Sette, a cerca de 1,5 km de onde ocorreu a morte.
O supervisor da Unis, segundo a nota, solicitou apoio "depois de três criminosos tentarem, do lado de fora, abrir uma brecha no muro da unidade, a fim de permitir a fuga de internos". Os homens também teriam disparado contra os segurança da Unis.
Ainda segundo a força-tarefa, "houve troca de tiros entre os criminosos armados e a patrulha", que "reagiu em defesa própria". "Durante a troca de tiros, foi constatado que um dos transgressores foi atingido e veio a óbito", termina a nota. A família da vítima contesta a versão.
"A polícia viu que meu primo morreu com a roupa do corpo a um minuto de chegar em casa. Quando o Exército viu que a família dele correu pra rua gritando, que era um menino de família, eles subiram no carro e foram embora", afirma Tatiana.
PM nos quartéis
Há oito dias a PM não sai dos quarteis no Espírito Santo. Eles dizem que são impedidos de sair por parentes que bloqueiam a saída dos batalhões. As mulheres dos policiais pedem reajuste salarial para a categoria, que é proibida de fazer greve. As autoridades consideram que os protestos são um recurso usado pelos PMs para fazer a paralisação sem serem punidos.
Na noite desta sexta-feira (10), o governo chegou a anunciar o fim do movimento e que os PMs voltariam para as ruas às 7 horas deste sábado (11). O acordo saiu de uma reunião entre representantes das associações dos policiais e o governo, mas as famílias dos policiais não aceitaram e o movimento continuou.
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