Paulo Fernandes
Chamado de “gigante” pelo presidente Michel Temer e com a difícil missão de convencer o Congresso Nacional a aprovar a reforma da Previdência, Carlos Marun (PMDB-MS) tomou posse nesta sexta-feira (15), no Palácio do Planalto, no cargo de ministro chefe da Secretaria de Governo. Marun substitui Antônio Imbassahy.
Deputado por Mato Grosso do Sul, o gaúcho de Porto Alegre Marun fez um discurso de apoio à reforma previdenciária. “O maior dos desafios é a reforma da previdência e eu assumo essa função consciente disso”, disse. Ele terá a função de articulador do governo com o Congresso Nacional.
Marun afirmou que a Previdência Social precisa ser “mais justa e menos desigual para todos” e previu que 2018 será um ano “de espetacular crescimento”.
Durante o discurso de posse, ele lembrou várias vezes de Mato Grosso do Sul e afirmou que abre mão da reeleição, se for da vontade do presidente Temer.
Marun também teceu elogios ao presidente Temer e criticou o governo Dilma, lembrando que foi um dos líderes no processo de impeachment.
O presidente Michel Temer, por sua vez, disse que Marun “é um orador destemido”, que já deu prova da capacidade de “construir pontes” e que “assegurará a relação de respeito entre Executivo e o Legislativo”.
Ele aproveitou o evento para defender a Reforma da Previdência, reafirmando que ela não trará prejuízos para os mais pobres e vão acabar com privilégios.
Temer também disse que deixou a votação da reforma para fevereiro para não constranger os deputados.
A posse do sul-mato-grossense havia sido adiada duas vezes. Na última delas, na quinta-feira (14), o adiamento ocorreu por conta da internação do presidente Michel Temer, que passou por uma cirurgia urológica.
Com a posse de Marun, Fabio Trad assume a vaga na Câmara dos Deputados. Irmão do prefeito Marquinhos e do ex-prefeito Nelsinho Trad, ele volta para o Congresso.
Advogado e engenheiro civil, Marun é uma figura polêmica que vem ganhando destaques nacional nos últimos meses por conta de defesas intransigentes. Mas a carreira política dele começou há muito tempo, em Campo Grande, como secretário municipal de Assuntos Fundiárias (1996). Na prefeitura, sob a gestão de André Puccinelli, foi ainda secretário de Assuntos Fundiários e diretor-presidente da Emha (Empresa Municipal de Habitação). Em seguida foi vereador em Campo Grande (2005-2006) e deputado estadual, mas voltou a ser secretaria na gestão de André Puccinelli no governo de Mato Grosso do Sul.
Marun ganhou destaque por se manter fiel às convicções, mesmo nos momentos de crise. Foi assim com Eduardo Cunha, quando visitou o ex-deputado na prisão. Ganhou notoriedade também por presidir a comissão especial da reforma da Previdência. Se manteve fiel também na defesa do presidente Michel Temer. Esses posicionamentos levaram, em junho, o deputado federal Carlos Marun a figurar nas páginas amarelas da revista Veja.
Marun não é o primeiro político radicado em Mato Grosso do Sul a ter destaque no cenário político nacional. Agora como ministro, o deputado federal figura em hall de pelo menos quatro políticos daqui que ocuparam cargos importantes na política brasileira.
Último sul-mato-grossense a ocupar cargo de ministro foi Ramez Tebet, nomeado em junho de 2001 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para comandar o Ministério da Integração Nacional.
Antes disso, Ramez se destacou no Senado e, inclusive, deixou o ministério três meses depois para ser eleito presidente do Congresso Nacional. O senador morreu aos 70 anos, em novembro de 2006, vítima de câncer no esôfago.
Outro político a ocupar ministério foi Delcídio do Amaral (sem partido). Especialista do ramo de energia, foi nomeado a comandar o Ministério de Minas e Energia em setembro de 1994, pelo então presidente Itamar Franco.
Delcídio permaneceu no ministério até janeiro de 1995, foi diretor de Gás e Energia da Petrobras entre os anos 200 e 2001, mas ganhou projeção nacional mesmo ao presidir a CPMI dos Correios, no Senado. Alvo da Operação Lava Jato, Delcídio perdeu o mandato e hoje está sem partido.
Além dos ministros, outros dois políticos também se destacaram nacionalmente. O nome mais importante foi Jânio Quadros, que nasceu em Campo Grande e chegou à Presidência do Brasil em 1961.
Ele permaneceu oito meses no comando do Brasil e renunciou em agosto do mesmo ano. Apesar de ter nascido em Campo Grande, período em que integrava o Mato Grosso, Jânio se mudou ainda criança para Curitiba e depois São Paulo, onde iniciou a vida política.
José Fragelli, nascido em Corumbá, foi outro político de expressão. Além de governar o então Mato Grosso e conquistar cargo de senador por Mato Grosso do Sul, Fragelli chegou à presidência do Senado em março de 1985, permanecendo no cargo por dois anos.
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