FOTO: JORNALDANOVA
Delegados da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul têm ido voluntariamente às escolas públicas e particulares de todo o Estado ensinar as crianças e adolescentes a reconhecer e se defender do bullying.
Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense 2015), divulgada pelo IBGE, no ano passado, revelam que 7,4% dos estudantes brasileiros revelaram já terem se sentido humilhados por provocações feitas pelos colegas. Entre as causas da humilhação foram apontados como principais motivos a aparência do corpo (15,6%) e do rosto (10,9%).
Para evitar que situações de constrangimento ocorram nas escolas de MS, delegados têm doado parte de seu tempo livre para promover palestras destinadas a orientação dos estudantes acerca do tema. Eles ensinam os alunos a reconhecer situações de bullying e como proceder caso isso ocorra com eles.
“Esse assunto do bullying é muito presente entre os jovens e temos uma grande procura por palestras com esse tema por conta de situações que acontecem diariamente nas escolas”, explica uma das voluntárias e delegada, Sidneia Tobias.
“Recentemente soubemos de uma criança que sofreu bullying por tirar notas boas, cada vez que ia receber as provas se animava e os colegas começaram a chamar de nerd e, por isso, passaram a isolar ela de todos. O resultado foi que não queria mais ir à escola”, contou, explicando que não é preciso um motivo específico para alguém se tornar alvo de intimidações.
Ela revela que em muitos casos as vítimas dessas situações não contam nem para os pais. Por isso, a família precisa estar atenta ao comportamento deles. “Toda criança que sofre o bullying apresenta sinais, perde a vontade de ir à escola, fica triste, tem déficit de atenção, não quer sair, não quer conversar”, comenta a delegada.
“Quando identificar que alguma situação dessas pode estar acontecendo, os pais devem procurar imediatamente a escola para resolver”, completa. Ela ressalta que além da vítima, o ofensor também precisa ser orientado e corrigido, sob o risco de se tornar cada vez mais agressivo, inclusive, no contexto doméstico.
Interação
Além do bullying, as palestras oferecidas pelos delegados incluem temas relacionados ao combate às drogas e à violência doméstica. Cada um deles é tratado por profissionais das delegacias especializadas – como a de Atendimento à Mulher; à Infância e Juventude; e de Repressão ao Narcotráfico, por exemplo. A solicitação da presença nas escolas pode ser feita pelos diretores, por meio de contato com a Polícia Civil.
A linguagem utilizada é definida conforme a idade dos alunos. “Para crianças de seis anos mostramos os carros da polícia, os distintivos, eles ficam alucinados. Também explicamos o que são bons comportamentos, que é bom ajudar os idosos; e os que não são bons, como brigar com os amigos e responder aos professores e aos pais”, explica. “Já com os adolescentes, a palestra tem mais interação em uma linhagem que eles entendem”, completa.
Conforme a delegada, as palestras estão passando por um processo de uniformização para terem o mesmo roteiro em todas as escolas, sendo diferenciadas somente por questões regionais.
Mín. 22° Máx. 32°