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Tatiana Marin | Fotos: Cleber Gelio
Segundo o Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), Três Lagoas, município 338 quilômetros distante de Campo Grande, foi a cidade que mais gerou empregos em 2016. Mas atualmente está passando por um déficit, o que também é confirmado pelo Caged.
“Três Lagoas passa por ciclos de emprego e desemprego. O que fez com que Três Lagoas fosse a cidade que mais gerou empregos ano passado foi o ciclo da montagem e da construção civil e este ciclo chegou ao fim”, explica o diretor da Casa do Trabalhador do município, Welson Alves, se referindo ao fim da construção e montagem da segunda linha de produção da Fibria, uma das gigantes da celulose.
O alarde em torno do título de ‘cidade que mais gerou emprego’ levou Três Lagoas aos noticiários nacionais e acabou atraindo pessoas de diversos lugares. Como é o caso de Magno Roberto Bastos, de 24 anos, que veio de Pinheiro, no Maranhão.
“Vim atrás de emprego. Tenho um irmão e amigos que trabalham aqui. Já trabalhei em por 3 meses na Belo Monte, em Altamira no Pará. Mas tem dois meses que estou aqui e ainda não consegui emprego. O problema é que na minha carteira tenho registro para servente de obra, mas as vagas são para auxiliar de produção e eles não encaminham”, reclama.
Segundo Magno, as funções das duas profissões são similares.
História parecida é a de Nicole Jeanbatista, de 21 anos. Mas ela veio do Haiti e está a 2 anos no Brasil. Ela trabalhou na Metalfrio como auxiliar de produção e está desempregada há 4 meses. “Vim para Três Lagoas porque meu amigo já trabalhava aqui e falou pra eu vir. Agora vou procurar vaga em qualquer área”, conta.
De acordo com Welson, há cerca de 500 haitianos em Três Lagoas e existe dificuldade na colocação deles no mercado de trabalho.
O saldo do emprego em Três Lagoas registrado pelo Caged em agosto foi de menos 994 vagas. A tendência ao desemprego vem desde abril deste ano, quando o saldo foi 223 negativo. Os meses subsequentes, com exceção de junho (+82), permaneceram com déficit: maio com menos 426 vagas e julho, menos 768.
A finalização da construção e montagem da segunda linha de produção da Fibria pode explicar, pelo menos em parte, o índice negativo. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico Antônio Luiz Empke Júnior, no pico de empregabilidade de ampliação da Fibria haviam cerca de 10 mil pessoas trabalhando na construção, sendo que 52% deles eram de Três Lagoas.
“A maioria dos que vem de fora são da região do nordeste e acabam não voltando. No momento estão na expectativa da retomada da construção da UFN 3 da Petrobrás, que lançou edital de venda dos ativos”, destaca.
Cícero André de Lima, de 38 anos, é de Alagoas. Ele trabalhava em um consórcio construtor e veio transferido para Três Lagoas, onde está a 8 meses. A empresa faliu e ele diz que até ficou sem receber a rescisão trabalhista.
“Entrei na justiça, ganhei a causa e o advogado falou que eles não recorreram, mas mesmo assim não estão pagando. Minha sorte é que faço artesanato e vendo na feira. Trabalhei 5 meses na Fibria, mas já mandaram todo mundo embora. Se não conseguir emprego, vou ter que ir para outro lugar”, afirma.
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