G1/TM
Em apenas duas semanas, mais de 120 mil refugiados. Não se trata de uma estatística ligada ao Iraque ou mesmo à Síria, mas sim do número de pessoas obrigadas a se deslocarem de Mianmar para Bangladesh.
A violência contra a minoria étnica e religiosa rohingya em Mianmar, país que esteve 50 anos sob uma ditadura militar, criou esse êxodo para o vizinho Bangladesh e despertou acusações de graves violações de direitos humanos por parte da ONU.
O palco da violência tem sido o Estado de Rakhine, no oeste da nação de 52 milhões de habitantes.
Cerca de 1 milhão de rohingya vivem em Mianmar, país de maioria religiosa budista e em que 68% dos habitantes são da etnia bamar. Historicamente, os royingya, que são muçulmanos, são considerados imigrantes ilegais de Bangladesh e, por isso, não têm direito à cidadania e sofrem discriminação, por exemplo, no acesso ao sistema público de educação ou mesmo em empregos no funcionalismo público.
Segundo a própria ONU, os rohinngya são um dos povos mais perseguidos do mundo. As tensões étnico-religiosas datam do golpe militar de 1962, mas explodiram a partir de 1982, com o decreto presidencial que criou as "oito etnias oficiais" de Mianmar, que, além de excluir os rohingya, confinou a minoria à região de Rakhine.
Nos anos 1990, violentos conflitos provocaram a fuga de pelo menos 250 mil pessoas para Bangladesh, cujo governo não reconhece os rohingya como seus cidadãos. A violência voltou a crescer de 2015 e, nos últimos meses, esquentou ainda mais após ataques de militantes do grupo conhecido como Exército de Salvação Rohingya (Arsa) a postos policiais em Rakhine, que despertaram retaliações incisivas das autoridades locais.
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