Três anos longe de casa. Vendo a família só duas vezes por ano. Foi assim a minha adolescência na Fundação Bradesco de MS. Um internato, onde o dia começava cedo, o sol nascia forte e a disciplina era regra — não só nas aulas, mas na vida.
Lembro bem do nosso diretor, Francisco Leite. Ele andava firme pelos corredores e tinha o olhar de quem não deixava passar nada. Hoje, entendo que ele nos ensinava muito mais do que seguir regras — ele nos ensinava a assumir compromissos, a respeitar limites e a dar valor ao que é certo, mesmo quando ninguém está olhando.
Foi naquela escola que aprendi que ouvir pode ser mais importante do que falar. Que dar a palavra tem um peso. E que viver ao lado de outras pessoas exige respeito, paciência e cooperação. Coisas que a gente aprende na prática, não nos livros.
O refeitório era mais que um lugar de refeições. Era onde a gente dividia o pão, o cansaço, a saudade e as risadas. Era onde nasciam amizades verdadeiras e o entendimento de que ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Cada bandeja carregava um pouco da história de quem estava ali — filhos de agricultores, netos de lavradores, gente com coragem nos olhos e sonhos no peito.
Ali, no calor de Miranda, entre o curso técnico de agropecuária e os trabalhos, fui compreendendo o valor da lida da terra. Antes de ser deputado, fui só mais um entre tantos. E antes de entrar em qualquer plenário, aprendi a importância de respeitar os colegas — coisa que, pra mim, vale mais do que qualquer discurso.
Hoje, dia 10 de abril, a Fundação Bradesco no estado completa 39 anos de existência. E quando olho pra trás, não vejo apenas uma escola. Vejo um lugar que moldou minha forma de pensar, de agir, de viver. Um lugar que, com firmeza e afeto, me preparou para a vida pública sem prometer nada além daquilo que sempre entregou: uma educação de verdade.
E talvez seja por isso que sigo acreditando tanto no valor da educação. Porque eu sou prova viva de que, quando se abre uma porta pro estudo, o resto a vida ensina.