Vestir a farda da Polícia Penal e todos os desafios acarretados, é uma missão dividida pelas servidoras Terezinha e Michelli Bortolotto, mãe e filha, mulheres atuando na segunda profissão mais perigosa do mundo, conforme classificação da Organização Internacional do Trabalho, devido ao contato direto com os mais diversos tipos de criminosos.
Mãe e filha, Terezinha e Michele Bortoloto são policiais penais
Michele (d) se espelhou no exemplo da mãe
Terezinha tem 18 anos na carreira e viu sua filha seguir seu exemplo há pouco mais de dois anos. “É uma mistura de emoções pois, às vezes, fico um pouco preocupada com os riscos e desafios da profissão, porém orgulhosa e honrada por servir de inspiração para ela, ainda mais que não foi por falta de opção e sim por desejo dela de ser policial penal”, afirma.
Michelli garante que realmente se espelhou no exemplo da mãe, que sempre demonstrou que lugar de mulher é onde ela quiser. “Eu cresci vendo ela na carreira e foi o que me incentivou a seguir os mesmos caminhos na segurança pública. Tive dentro de casa o melhor exemplo a seguir, agora somos companheira de farda, e tenho muito orgulho de estar nessa profissão, que não é simples. A gente passa diuturnamente por vários desafios, mas dividindo as experiências tudo fica mais fácil”, afirma.
Terezinha e Michelli são exemplos de como as mulheres estão cada vez mais inseridas na segurança pública de Mato Grosso do Sul, com força, determinação e coragem, em especial na Polícia Penal, onde hoje representam 37,8% do quadro de servidores, atuando desde a linha de frente nas prisões, grupos operacionais, ações de ressocialização, atividades administrativas à cargos de direção na Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). A proporção é alta se considerar que a população carcerária custodiada é 95% formada por homens.
Atualmente, integram o quadro de servidores da Polícia Penal 767 mulheres que dedicam parte de suas vidas para que o sistema penitenciário desenvolva um trabalho eficaz em benefício de toda a população. Em meio a um ambiente cercado por muralhas e grades e na lida com pessoas com histórico de criminalidade e violência, elas mostram a sua força e sensibilidade para manter a segurança e disciplina nas unidades Agepen.
Nesse contexto, para o diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, a polivalência e a sutileza, características marcantes na personalidade feminina, contribuem para cumprir a complexa missão institucional, que vai muito além de guardar pessoas condenadas pela Justiça, tendo o difícil dever de ajudar a resgatar vidas até então perdidas para o crime, proporcionando um recomeço diferente e um futuro digno. “São guerreiras que demonstram que, com dedicação e coragem, é possível superar os limites e romper paradigmas”, parabeniza.
O dirigente pontua que, assim como o importante percentual feminino atuando na instituição, também é representativo o número de mulheres que ocupam função de chefia, chegando a quase 40% dos cargos de confiança.
Entre as áreas de atuação da Agepen, destaque para a DAP (Diretoria de Assistência Penitenciária), responsável por ações de educação, trabalho, saúde e promoção social da massa carcerária, na qual a predominância de chefias é de mulheres. As chefes das quatro divisões que compõem a diretoria, e a própria direção da DAP, são todas do sexo feminino.
Quase 40% dos cargos de chefia da Agepen é ocupada por mulheres
“O olhar feminino tem uma grande importância dentro da Agepen, pois contém o equilíbrio entre a razão e emoção, que caminham juntas para a humanização pena e para a reintegração social e ajudam na execução dos projetos nas diferentes áreas”, pontua a diretora da DAP, Maria de Lourdes Delgado Alves.
Sensibilidade que a policial penal aposentada Maria Aparecida Pereira sempre teve ao longo de seus 33 anos de carreira, também transmitida à filha Luciana, que seguiu os passos da mãe há 21 anos. "Tenho sentimentos de gratidão vendo minha filha seguindo a mesma carreira, com muita responsabilidade e companheirismo", assegura a a aposentada. "
Minha mãe foi uma das primeiras mulheres que traçaram a carreira profissional no sistema penitenciário e ajudou a embasar todos os princípios e valores que seguimos hoje. Eu sempre digo a ela que se eu chegar a ser um terço do que ela representa para a Agepen, sou uma servidora realizada, pois ela é meu espelho", finaliza Luciana.
Mín. 22° Máx. 32°