Zé Rainha e Luciano de Lima, líderes da FNL (Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade), foram presos pela Polícia Civil de São Paulo no sábado (4) na cidade de Mirante do Paranapanema, interior paulista. Policiais também apreenderam armas supostamente usadas em conflitos agrários. Grupo já invadiu terras em Mato Grosso do Sul em fevereiro.
Conforme informações do site CNN, a prisão dos líderes se deu por suspeita de extorsão a fazendeiros da região. A operações começaram na última sexta-feira (3) e diligências foram para cumprir mandados de prisões preventivas, pedidos e autorizados pela Justiça, de líderes de movimento de invasão de terras.
Segundo a polícia, os alvos dos mandados exigiam vantagens financeiras de pelo menos seis pessoas. Ainda conforme a polícia, foram realizadas buscas de pessoas que seriam responsáveis por expulsar invasores de terra. Também foram apreendidos dois fuzis calibre 556, duas espingardas de calibre 12 e uma calibre 357 durante operação.
Segundo a polícia ao portal de notícias, as prisões preventivas não têm relação com os atos ocorridos no Carnaval de 2023, quando grupo, inclusive, invadiu propriedades rurais de Mato Grosso do Sul. Assim, ato visa a apuração do “ciclo de violência decorrentes de extorsões de arma de fogo, incluído fuzil, o que colocou em risco número indeterminado de pessoas', informou a polícia em comunicado.
A FNL também soltou nota confirmando a prisão de Rainha e Lima e que as prisões possuem “cunho político'. Assim, organização atribui prisões às jornadas de ocupações durante o Carnaval Vermelho.
“Essa prisão de cunho político, tem nítida relação com a jornada de ocupações do Carnaval Vermelho, sendo um ato de retaliação aos lutadores do povo sem-terra. A FNL ganhou força nos últimos anos ao realizar jornadas de luta no carnaval. O objetivo do Carnaval Vermelho é trazer para a discussão à contradição de sermos um dos países que mais produz alimentos no mundo, porém temos mais de 125 milhões de brasileiros com alguma insegurança alimentar, sendo 58% dos brasileiros e brasileiras, e o mais grave, são mais de 33 milhões com insegurança alimentar severa', comunicou o movimento.
Em seguida, a FNL exige a liberdade imediata dos líderes.
A FNL (Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade) ocupou a Fazenda Fernanda, localizada em Japorã, em fevereiro, onde se envolveu em conflitos com fazendeiros, e prometeu novas invasões de terras em Mato Grosso do Sul.
“Vamos retomar a luta em MS. O Carnaval vermelho foi o início', afirmou o coletivo de comunicação da Frente ao Jornal Midiamax.
Na mesma época, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) expandia acampamentos no Estado. Cerca de 600 famílias construíram barracos às margens da BR-164, próximo a Ponta Porã.
Mato Grosso do Sul é um dos 10 estados em que a FNL realizou ações do ‘Carnaval Vermelho’, conjunto de ocupações de terras pelo Brasil. Segundo nota da FNL enviada na época, o grupo “ocupou a área e pede às autoridades que cumpram a lei e encaminhe a área para fins de reforma agrária, para que seja organizado um assentamento imediato das famílias'.
Assim, a invasão foi desfeita após confronto após um dia. “Incendiaram os barracos e imóveis da propriedade, como mostram os vídeos', afirma a nota.
No entanto, o assessor de comunicação, Claudemir Novais, adiantou que novas ocupações seriam realizadas.
Lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ainda disseram à CNN que existe a chance de ocorrer dezenas de invasões no Brasil em abril caso o Governo Federal não apresente um plano nacional de reforma agrária que assegure cronograma de assentamentos durante todo o governo Lula.
Segundo o movimento, há cerca de 100 mil famílias acampadas no Brasil, das quais 80% são vinculadas ao MST. A maior parte se situa na região Nordeste.
O MST também cobra que as nomeações para as superintendências regionais do Incra, órgão responsável pelos assentamentos, sejam aceleradas. Das 29 superintendências, apenas seis foram nomeadas pelo atual presidente.
Ainda conforme a CNN, outra liderança do MST disse que o atual governo não criminaliza lutas populares. Além disso, parte do movimento acredita que novas invasões podem fortalecer a oposição ao governo e piorar o ambiente político. A ideia é negociar agenda com o governo e forçá-lo a se antecipar aos problemas.
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