O excesso de chuvas já vem causando perdas nas lavouras de soja de Mato Grosso do Sul e, em consequência, atrasando o plantio da segunda safra de milho nas principais regiões produtoras do Estado. Na região Sul, segundo o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Ângelo Ximenes, o atraso na colheita da soja afeta 75% das lavouras, em decorrência das chuvas. 'Isso significa que só 25% do milho segunda safra foi plantado até agora na região'.
Nessa mesma época do ano passado, segundo o sindicalista, toda a soja já tinha sido colhida na região, que por sinal é uma das principais produtoras de grãos de Mato Grosso do Sul. No dia 9 de fevereiro deste ano, um Boletim da Casa Rural elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), indicava que a região sul estava com a colheita mais avançada, com média de 1,5%, enquanto o Centro está com 0,7% e o Norte com 0,66% de média.
Com um crescimento de 5,3% para este ano, a previsão para o milho é de plantio de 2,3 milhões de hectares e produção de 11 milhões de toneladas do grão. O custo de produção este ano aumentou 27%, com fertilizantes, mecanização e outros insumos, chegando a R$ 1.600,00 por hectare. O calendário de semeadura de milho segunda safra se entende até 31 de março, de acordo com a determinação do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Ângelo Ximenes, que é produtor de soja e milho na região, explica que a janela para o plantio do milho é essencialmente fevereiro. 'Com o fim do verão em março e início do outono os dias ficam mais curtos e o milho precisa de muito sol e temperatura adequada para se desenvolver. E este ano ainda tem previsão de muito frio', resume ele temeroso.
Quanto mais tempo atrasa o plantio do milho menos qualidade o grão terá na colheita. 'Na região Centro-Norte, onde produtores plantam duas safras de milho, não haverá tanto problema', avalia Ximenes.
Em relação à soja o sindicalista explica que o excesso de umidade faz o grão mofar e afeta a qualidade do produto. 'Para exportação, o limite na carga de grão avariado é de 8% só', afirma. Com o grão úmido, aumenta o custo do agricultor com a necessidade de secagem. 'Acho que apesar de tudo, para esta safra, a produtividade não altera. A solução? Rezar para parar de chover', diz ele.
Aprosoja atesta perda de qualidade
As chuvas recorrentes nas lavouras de soja, no estádio final da cultura em R8 (maturação plena da planta), afetam diretamente a qualidade da produção, contribuindo para formação de grãos fermentados e ardidos.
Os principais agentes para a causa desses grãos avariados são a umidade, temperatura e a ação de microrganismos que desencadeia o processo fermentativo da soja, explicam técnicos da Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul, ouvidos pela reportagem.
Previsão é de mais chuva na semana
A previsão para a semana é de chuva em praticamente todo Estado, conforme Boletim Meteorológico elaborado pelos técnicos do Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), órgão vinculado à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). Há risco de inundações e alagamentos, bem como deslizamento de terra em locais em que o solo esteja muito encharcado devido às contínuas chuvas dos últimos dias.
Na quarta (1º) e quinta-feira (2) o tempo segue instável com probabilidade de chuvas de intensidade fraca a moderada, podendo ocorrer precipitações mais intensas e tempestades acompanhadas de raios e rajadas de vento, com destaque nas regiões Centro, Sul e Leste do Estado. As temperaturas mais altas são esperadas para a região Norte do Estado, enquanto que as menores são esperadas para a região Sul. Na Capital, espera-se mínimas de 21°C e máximas de até 29°C.
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