O novo ensino médio, cuja implementação obrigatória começou neste ano, está levando universidades a rever seus processos seletivos para receber alunos educados nesse currículo.
A nova BNCC (Base Nacional Curricular Comum) prioriza o ensino de habilidades e competências específicas, que passarão a ser mais cobradas nos vestibulares do país.
A partir deste ano, todas as escolas passaram a ofertar um conjunto de disciplinas básicas de formação geral e um itinerário formativo, escolhido pelo aluno (linguagens, matemática, ciências exatas, humanas ou ensino técnico). A Lei do Novo Ensino Médio é de 2017.
Na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a transição das provas terá início a partir do segundo semestre de 2023. Milton Pignatari Filho, coordenador de processos seletivos, afirma que as mudanças devem ser gradativas.
Para ele, é necessário um período de adaptação dos alunos e professores que atuam nos processos seletivos.
Hoje, a instituição tem prova em etapa única, que cobra as mesmas disciplinas de todos os candidatos, mas usa um sistema de notas diferentes para valorizar os conteúdos mais importantes para cada curso.
Segundo Pignatari, o novo ensino médio deve tornar a educação mais atrativa para a geração de nativos digitais.
O Enem, que acontece nos dias 13 e 20 de novembro, também deve mudar sua formulação. Uma resolução do Conselho Nacional de Educação de março recomenda a elaboração de uma nova matriz de avaliação para ser utilizada na prova até 2024.
Gustavo Krause, diretor de seleção acadêmica da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), diz que, na instituição, o exame também passou a avaliar habilidades como leitura e capacidade de entendimento e interpretação.
Krause diz que o formato atende bem a flexibilização do currículo estipulada pela lei. Na USP, uma equipe de examinadores foi convocada para propor uma atualização das provas. O novo conteúdo deve ser divulgado em 2023.
Já a Unicamp reformulou seu processo seletivo em 2019 e desde então os alunos também passaram a ser avaliados em relação às suas competências.
Por outro lado, na avaliação de José Alves, diretor da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares), a carga de conteúdo está se reduzindo nos últimos anos.
Nesse modelo de prova, leitura, interpretação, análise, capacidade de relacionar fatos com textos e aplicação do conhecimento sobre o cotidiano são mais importantes.
Na segunda fase, dissertativa, são cobrados conhecimentos sobre disciplinas de uma base comum e outra específica, de acordo com o curso.
Desde 2018, o vestibular do Ibmec dedica sua segunda fase à avaliação de capacidades subjetivas. Após exame de conhecimentos gerais, os candidatos são convocados para etapa de dinâmicas elaboradas para avaliar adaptabilidade, empatia e visão dos candidatos. Professores e psicólogos fazem a seleção.
As mudanças foram adotadas para contemplar os novos modos de ensino, principalmente das escolas privadas, que já estavam aplicando o novo ensino médio.
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