A Polícia Civil e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) deflagraram operação nesta quinta-feira (3) para desmontar esquema de venda de máquinas agrícolas roubadas ou compradas com cheque sem fundos. A organização atuava em Mato Grosso do Sul e outros estados brasileiros.
Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Dourados, Fátima do Sul e Naviraí. Dois empresários de Dourados (cidade a 251 km de Campo Grande), alvos das investigações, foram presos em flagrante, um deles por receptação e o outro por porte de revólver calibre 38.
O trabalho conjunto entre o SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil e a equipe da delegacia da PRF em Dourados começou há quatro meses, para identificar o grupo que praticava estelionato e furto envolvendo máquinas agrícolas.
Parte do equipamento era comprado com cheque sem fundos e outras são oriundas de furtos e roubos praticados em fazendas. Segundo o inspetor chefe da PRF em Dourados, Waldir Brasil, as colheitadeiras tinham os sinais identificadores adulterados e depois eram revendidas para agricultores da região.
Estradas de terra – Segundo os policiais que atuam no caso, as máquinas obtidas de forma criminosa eram levadas inicialmente para um barracão em Naviraí, cidade a 160 km de Dourados.
De lá, eram trazidas para Dourados em caminhões-prancha e deixadas em um lava-rápido localizado na BR-163, próximo ao posto da PRF na saída para Campo Grande. Segundo a polícia, os motoristas dos caminhões que transportavam as máquinas eram orientados a usar estradas sem policiamento devido à falta de notas fiscais.
A investigação revelou que o barracão localizado em Naviraí pertence a um suspeito identificado apenas como “Rubinho'. Ele seria o responsável em comprar as máquinas roubadas ou adquiridas através de estelionato.
Empresário - Depois, Rubinho revendia as colheitadeiras para o empresário douradense Wanderley Esquível da Silva, 45, dono de uma loja de peças usadas, localizada na Avenida Weimar Gonçalves Torres, no Jardim Caramuru (região leste de Dourados).
Segundo os investigadores, era Wanderley que revendia as máquinas para produtores rurais. A polícia investiga se todos os compradores eram terceiros de boa-fé ou se sabiam da procedência ilícita dos equipamentos.
Em 2004, Wanderley Esquível foi preso em ação da Polícia Federal acusado de envolvimento com esquema de desmanche de carros roubados. Outras seis pessoas, entre elas o irmão de Wanderley, também foram presas naquela operação.
Mandados – Hoje de manhã, agentes da Polícia Civil, policiais rodoviários federais e duas equipes do Comando de Operações Especiais da PRF saíram às ruas das três cidades para cumprir os mandados. O helicóptero da corporação deu apoio às ações.
“Rubinho' não foi encontrado em Naviraí, mas no barracão dele os policiais apreenderam vários documentos, inclusive contratos de compra e venda de máquinas agrícolas.
Wanderley Esquível foi abordado na BR-163, em Dourados. Não havia mandado de prisão contra ele, mas como estava com revólver 38, foi preso por porte ilegal de arma.
Ainda em Dourados, foi preso Alex Bastos, dono do lava-rápido onde as máquinas eram deixadas. No estabelecimento, os policiais encontraram uma colheitadeira New Holland com o número de identificação arrancado.
Em Fátima do Sul, as buscas foram feitas em uma residência e numa fazenda, onde estavam uma das colheitadeiras, da marca Case, obtida pela organização através de estelionato.
As buscas foram comandadas pelo delegado Bruno Carlos dos Santos, da Polícia Civil. O comprador da máquina apreendida também vai ser investigado. Outra máquina foi apreendida em Naviraí, mas os dados ainda estão sendo checados para saber se o bem é de procedência ilícita.
Desacordo comercial – Conforme o delegado Erasmo Cubas, chefe do SIG em Dourados, a organização preferia máquinas agrícolas por ser mais fácil a revenda devido à ausência de documentação exigida de outros veículos, como certificado de registro e recibo de compra e venda.
“O grupo comprava as máquinas, dava veículos com problema judicial como parte do pagamento ou cheques sem fundos e alegava de forma constante um ‘desacordo comercial. As vítimas eram obrigadas a entrar na Justiça para reaver o maquinário, mas as máquinas já tinham sido repassadas para outras pessoas. Em muitas vezes já estavam até fora de Mato Grosso do Sul', disse Erasmo Cubas.
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