AFP/HK
Ao menos 28 pessoas morreram nesta sexta-feira em violentos combates entre as forças leais ao Governo de Unidade Nacional (GNA) líbio, apoiado pela ONU, e facções rivais em bairros residenciais do sul da capital.
O porta-voz do ministério da Saúde, Anwar Frajallah, não soube informar se havia civis entre as vítimas fatais, ao fornecer um balanço provisório de 28 mortos e 128 feridos.
Hashem Bishr, um oficial de segurança do Governo de Unidade Nacional (GNA) forneceu um balanço de 23 combatentes leais ao GNA falecidos e mais de 29 feridos.
Fontes médicas não puderam confirmar este balanço.
Uma milícia leal ao GNA, a força de dissuasão de Abu Slim, lamentou a morte de cinco de seus homens no Facebook, mas se desconhece se estes mortos são os mesmos que os do balanço do hospital.
O ministério de Saúde do GNA declarou o estado de alerta na região e pediu a todo o pessoal médico que fosse aos hospitais, segundo um comunicado.
Paralelamente, um grupo armado assumiu o controle da prisão de Al-Hadhba, no sul de Trípoli, onde estão detidos os principais dirigentes do antigo regime de Muammar Kadhafi.
Mais de 30 figurões do antigo regime estão presos nessa instituição, entre eles o último primeiro-ministro de Kadhafi, Baghdadi Al-Mahmudi, e o ex-chefe dos serviços de Inteligência Abdallah Senusi, ambos condenados à morte em 2015.
Os agentes penitenciários se viram obrigados a deixar o local, depois de um ataque lançado por um grupo armado leal ao GNA, acrescentou uma fonte judicial, informando que dois guardas morreram na ofensiva.
A prisão de Al-Hadhba era controlada por um grupo islâmico dirigido por Khaled Sherif, ex-vice-ministro da Defesa do antigo governo da coalizão Fajr Libya, que tomou o poder em Trípoli em 2014.
Trípoli, presa de uma constante insegurança desde a queda de Muamar Kadhafi em 2011, está sob controle de dezenas de milícias.
Os combates desta sexta-feira começaram ao amanhecer nos bairros de Abu Slim, Hadhba e Salahedin, no sul de Trípoli, aonde foram mobilizados tanques, segundo testemunhas.
O enviado da ONU para a Líbia, Martin Kobler, convidou as partes beligerantes a cessarem os combates.
"A voz da razão deveria prevalecer em benefício do país", afirmou. "Não se pode perseguir objetivos políticos com violência. Os civis devem ser protegidos".
O embaixador britânico no país, Peter Millett, escreveu em sua conta no Twitter: "Posso ouvir as explosões e os disparos de artilharia no sul. Condeno a ação destas milícias que ameaçam a insegurança dos líbios antes do Ramadã", o mês de jejum dos muçulmanos, que começa sábado na Líbia.
Grupos hostis ao GNA reivindicaram, em suas páginas do Facebook, os ataques contra as forças leais ao Executivo apoiado pela comunidade internacional.
Na tarde de sexta-feira os combates tinham diminuído, mas ainda eram ouvidas trocas de tiros em várias zonas da capital.
Os combates começaram ao redor de um complexo de uma dezena de mansões de luxo, que servem de quartel-general às milícias leais ao ex-chefe de um governo não reconhecido, Khalifa Ghweil, afastado do poder em Trípoli após a formação do GNA.
As forças fiéis ao GNA conseguiram ganhar influência em Trípoli quando após violentos combates expulsaram em março grupos rivais de seus redutos, no centro da cidade e arredores. Desde então, reina uma calma incomum na capital.
O GNA, apoiado pela ONU, obteve a adesão de algumas milícias da capital desde sua entrada em funções, em março de 2016, mas vários setores de Trípoli permanecem fora de seu controle.
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