Denúncia aceita pela Justiça diz que PM colocou crianças em risco ao matar no cinema
Denúncia aceita pela Justiça diz que PM colocou crianças em risco ao matar no cinema
16/08/2019 às 14h53Atualizada em 16/08/2019 às 18h53
Por: RegiãOnline
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Por/DOURADOSNEWS / ANDRé BENTO
Arquivo Dourados News
A Justiça aceitou denúncia oferecida pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual) contra o policial militar Dijavan Batista de Souza, de 37 anos, que na tarde de 8 de julho matou a tiro o bioquímico Julio Cesar Cerveira Filho, de 43 anos, dentro de uma sala do cinema no shopping de Dourados. Além da condenação criminal, é requerida fixação de valor mínimo de reparação aos herdeiros da vítima.
O Dourados News apurou que no dia 26 passado o promotor de Justiça Luiz Eduardo Sant'Anna Pinheiro denunciou o cabo da PM por homicídio qualificado por recurso que dificultou a defesa da vítima e posse ilegal de arma de fogo, já que a pistola usada no crime não tinha registro.
Aceita pelo juiz Eguiliel Ricardo da Silva em 29 de julho, a denúncia aponta que o crime “foi perpetrado em circunstância em que a conduta do denunciado resultou em perigo comum, porquanto efetuou disparo de arma de fogo em um ambiente coletivo e fechado (sala de cinema ocupado majoritariamente pelo público infanto-juvenil, arriscando lesionar terceiros inocentes”.
Essa peça acusatória diz ainda que “incide a qualificadora do recurso que dificultou a defesa do ofendido, uma vez que a vítima, ao sair da sala escura de um ambiente de entretenimento, foi surpreendida pelo denunciado, que de forma inesperada sacou da arma d fogo que portava e efetuou o disparo fatal”.
Quando aceitou a denúncia, o juiz da 3ª Vara Criminal de Dourados determinou a citação do réu para apresentar resposta à acusação no prazo de 10 dias, oportunidade para rebatê-la preliminarmente.
Dijavan estava preso no Presídio Militar de Campo Grande, mas foi beneficiado por uma hebeas corpus concedido pela 2ª Câmara Criminal do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e foi solto. De volta à Dourados desde sábado (10), retornou às atividades administrativas no 4º Pelotão de Polícia Militar Ambiental.
A versão prestada pelo assassino em depoimento à Polícia Civil, de que o crime foi motivado por desentendimento envolvendo uma poltrona da sala 1 do cinema e de que prestou socorro à vítima após baleá-la, foi confirmada na denúncia.
O MPE menciona que o policial tentou reanimar o bioquímico até a chegada do socorro médico, situação presenciada por seus dois filhos, de 9 e de 14 anos, e pela filha da vítima, uma adolescente de 16 anos que foi amparada por seguranças do local e levada para fora da sala.
Ainda segundo a Promotoria de Justiça, “com o clarão e o estampido do disparo, iniciou-se o alvoroço e a sala de cinema (ambiente fechado e coletivo, que na situação havia em torno de 80 assentos preenchidos, em sua maioria, pelo público infanto-juvenil), começou a ser rapidamente desocupada, ocasião em que se acenderam as luzes”.
POSSE ILEGAL
Membro da PM-MS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) há 15 anos, Dijavan também responde por posse ilegal de arma de fogo. Isso porque a arma utilizada no crime foi uma pistola Smith Wesson, calibre .40, sem registro.
No depoimento à polícia, logo depois do homicídio, o policial disse que essa arma é herança do pai, bombeiro da reserva falecido há dois anos. Alegou ainda usá-la “de vez em quando por ser leve e portátil”, ao contrário da pistola disponibilizada pela Polícia Militar, uma IMBEL MD7 descrita por ele como “extremamente pesada e grande”.
Contudo, a denúncia do MPE afirma ter sido apurado que mesmo antes do homicídio o militar, “em conduta autônoma e independente”, possuía no interior da própria casa uma arma de fogo municiada” sem registro e autorização legal para tanto”.
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