Por Agência Estado
Nos últimos 12 meses, o governo brasileiro gastou R$ 265,26 milhões para apoiar as ações militares em Roraima, na fronteira com a Venezuela. A atuação abrange desde a manutenção do efetivo até o suporte da atividade humanitária. Atualmente, estão trabalhando na fronteira 620 militares, entre agentes da Marinha, Exército e Aeronáutica. O governo brasileiro mantém, em alojamentos, 8.500 venezuelanos refugiados.
Segundo o Ministério da Defesa, o presidente Jair Bolsonaro já sinalizou que serão feitos mais investimentos na ação militar na região. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que o governo já admite a necessidade de colocar mais dinheiro nas ações, mas que avalia como isso será feito, para que não afete o orçamento da própria pasta. “O presidente determinou que haja aporte de mais recursos para dar continuidade ao trabalho da Operação Acolhida.”
O Ministério da Defesa, a Casa Civil e o Ministério da Economia avaliam a forma como esse aporte será feito, afirmou Silva. “Vale destacar que a Operação Acolhida tem sido muito elogiada, virou referência. É um trabalho conjunto de várias instituições e entidades.”
Os R$ 265,26 milhões que o governo já usou para lidar com a crise na fronteira com a Venezuela saíram do Tesouro Nacional, em créditos extraordinários sacados em março e novembro do ano passado. Medidas provisórias liberaram a verba para os programas de assistência emergencial, segurança na fronteira, acolhimento humanitário e interiorização de venezuelanos no Brasil.
A fronteira com a Venezuela foi fechada por Maduro no dia 21 de abril. A crise prossegue e, na avaliação do general Carlos Teixeira, não há prazo para o fim da operação, devido às incertezas políticas do País e a situação de caos em atendimentos sociais básicos. Apesar do bloqueio, venezuelanos continuam a entrar no Brasil pela mata, em áreas mais isoladas.
“Sabemos que, no total, cerca de 160 mil venezuelanos entraram no País desde 2015. A maioria está em Roraima. Desse total, 8 500 são refugiados e estão abrigados conosco. Outros 8 mil foram interiorizados por meio do Ministério da Defesa e da ONU”, diz Teixeira.
Atualmente, há 13 abrigos montados em Roraima, sendo 11 deles em Boa Vista e dois em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Os abrigos foram organizados para receber, separadamente, mulheres solteiras, homens solteiros, casais com e sem filhos, LGBTs e indígenas. “Toda pessoa tem o direito de sair, de circular, de arrumar o trabalho. Nós estimulamos isso. Mas há um processo que deve ser cumprido para a interiorização das pessoas. É preciso que um município do País abra uma vaga”, comentou Teixeira.
Os gastos com as ações militares na fronteira com a Venezuela superaram a média anual que foi dedicada às ajudas humanitárias no Haiti, entre 2004 e 2017. Segundo Teixeira, isso se dá porque a situação venezuelana é mais complexa, já que, além do gasto com as tropas, tem os recursos que são utilizados para receber os refugiados, que muitas vezes chegam em situação de vulnerabilidade, como doença e fome.
A ONU informou que 3 milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos anos, o equivalente a 10% de sua população total.